quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mídia Sem Máscara - A hora e a vez da ruptura sistêmica

Mídia Sem Máscara - A hora e a vez da ruptura sistêmica

Você pode dizer que eles nunca conseguirão dar um golpe de estado, mas é o que eles pregam, é o que sonham, e isso deveria levantar algumas questões sobre a adequação deste partido e de outros com as mesmas idéias no jogo democrático que eles claramente desprezam.
O moleque fedorendo e barbudo de ontem é o Caetano vestido de Black Bloc e o Chico Buarque defendendo a censura de hoje.

Como é impossível entender o que se passa no país dos Black Blocs através dos filtros da grande imprensa, é importante recorrer a fontes primárias como esse 
vídeo divulgado em 13 de junho pelo “Juntos”, o braço do PSOL que vai para as manifestações vestido de amarelo. É muito importante que a opinião pública entenda quem são essas pessoas que tomaram conta das ruas do Brasil, essa gente produzida aos milhares pelas universidades sustentadas com seu dinheiro. Não espere que produzam um prêmio Nobel, elas têm mais o que fazer.
Um dos psolentos do vídeo fala que é do “tribunal popular”, seja lá o que isso signifique, mas quem é minimamente alfabetizado e já estudou Revolução Francesa sabe que o termo não traz boas lembranças. Um outro está vestindo uma camisa com uma imagem de Lênin, o idealista que montou o regime responsável pela morte 30 milhões de pessoas do próprio povo e por 18 milhões enviados para campos de trabalho escravo. O leninista diz que vivemos um “prelúdio de um novo tempo, o tempo de rua”. O dia 13 de junho, data em que o vídeo foi postado, é exatamente aquela quinta-feira em que o caldo entornou em São Paulo e a jornalista da Folha foi atingida no olho por uma bala de borracha.
Tribunal popular
Você acha, sinceramente, que vai sentar com uma pessoa dessas e ter uma conversa racional sobre política? Você acha que é uma batalha de argumentos, que é só segurar aumento de passagem de ônibus que eles vão trabalhar, estudar ou produzir alguma coisa para o país?
O discurso deles no vídeo segue uma cartilha, nada é gratuito ou por acaso, é tudo para, no limite, justificar o quebra-quebra e a “ruptura sistêmica”. Não acredita? Leia outra fonte primária: o programa oficial do PSOL, no próprio site do partido. Diz o texto: “a lógica egoísta e destrutiva da produção, condicionada exclusivamente ao lucro, ameaça a existência de qualquer forma de vida. Assim, a defesa do socialismo com liberdade e democracia (sic) deve ser encarada como uma perspectiva estratégica e de princípios. Não podemos prever as condições e circunstâncias que efetivarão uma ruptura sistêmica.”
Traduzindo:
- O capitalismo liberal para esses democratas ameaça a existência de qualquer forma de vida! Se você defende o sistema de livre mercado, você é um perigo para todas as espécies do planeta. Será essa a base da acusação no seu julgamento do tribunal popular? Se for, boa sorte para você.
- Eles não podem prever como se fará a derrubada do sistema atual, ou melhor, qualquer forma de ação revolucionária é aceitável para fazer a “ruptura sistêmica”. Isso não é uma teoria conspiratória, é o que defende o programa do partido do Jean Wyllys e do Marcelo Freixo. Nem o Hezbollah diria melhor.
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Você pode dizer que eles nunca conseguirão dar um golpe de estado, mas é o que eles pregam, é o que sonham, e isso deveria levantar algumas questões sobre a adequação deste partido e de outros com as mesmas idéias no jogo democrático que eles claramente desprezam.
O fato é que esse pessoal hoje sai das péssimas faculdades brasileiras e vai para Folha, para o Estadão ou para o UOL escrever as notícias que você lê, para ONGs e movimentos sociais que influenciam diretamente as políticas públicas, e enquanto esse ciclo vicioso não for quebrado só vai piorar. Há uma guerra ideológica que precisa ser enfrentada porque ameaça a democracia e se só um lado está jogando, o resultado final não pode ser surpresa. Acha exagero? Leia essa matéria do O GLOBO que mostra que o PSOL é o partido preferido dos jornalistas.
Jean-Wyllys-Quando eles passam dos 40 anos de idade, estes radicais vão dirigir as redações dos jornais, as áreas de humanas das universidades, os núcleos de conteúdo das TVs ou escrever roteiros de novelas, e são reverenciados e festejados pela cultura.
É o que vivemos hoje com a geração forjada nos anos 60/70 no Brasil. O moleque fedorendo e barbudo de ontem é o Caetano vestido de Black Bloc e o Chico Buarque defendendo a censura de hoje. O vídeo do PSOL não é caseiro, ele tem produção e edição profissional, custou dinheiro, tem alguém pagando isso e não é pouco. Esse pessoal não está para brincadeira, como você pode ver em qualquer manifestação. Eles querem ver o circo pegar fogo e estão contando com a conivência ou com a negligência dos palhaços e do respeitável público.
Se você der os ombros e esquecer o assunto, o assunto um dia vai lembrar de você. Como disse Churchill, “houve um momento em que um simples memorando teria impedido Hitler.” Os problemas não somem porque são ignorados, você descobre isso em algum momento da vida, de um jeito ou de outro.


Publicado na 
Reaçonaria.
Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.

Mídia Sem Máscara - Fuja para a realidade

Mídia Sem Máscara - Fuja para a realidade

Quando vejo um teaser de um programa sobre "a ascensão da direita radical na Europa e nos Estados Unidos[!!!]", concluo que a Globo News já pode se chamar Foro de São Paulo TV.

Paula Lavigne não quer censurar apenas as biografias. Quer também escolher o tom do debate. O dos adversários, é claro. Talvez devêssemos todos mandar para ela os nossos argumentos, para que ela escolha antes qual podemos usar.

Minhas notas recentes no Facebook. (A última é o convite para o nosso encontro por videoconferência com Olavo de Carvalho.)
I.

'Black Blocs' de ontem e de hoje, na luta por algo que ainda não sabem o que é (e ainda tem idiota que vai atrás):

"[Os estudantes revolucionários querem] uma forma de organização social radicalmente nova, da qual não sabem dizer, hoje, se é realizável ou não.”
(Daniel Cohn-Bendit, Paris - 1968)
"Ainda não sabemos que tipo de socialismo queremos.”
(Lula, América Libre - 2010)

"[O socialismo petista] é um processo de sucessivas conquistas econômicas, sociais, políticas e culturais que abrem caminho para novas conquistas. É um caminho que se renova e se amplia à medida que o percorremos. Pode contemplar momentos de rupturas, mas se faz também no dia-a-dia. Não descuida do presente, mas tem seus olhos postos no futuro. Mas esse futuro não é um porto de chegada ou uma fortaleza a ser conquistada. É antes uma construção histórica."
(Resoluções do 3º Congresso do PT - 2007, p. 15 -http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf)

"Os exemplos da aguerrida Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Natal são também prelúdios de um novo tempo, o tempo de rua. Que venham as lutas, que venham as ruas, que venha um futuro diferente. A rua é nossa!” (Integrante paraense do PSOL, vestindo uma camisa de Lenin - 2013 - http://youtu.be/tFmMdHl2EVM)

“A lógica egoísta e destrutiva da produção, condicionada exclusivamente ao lucro, ameaça a existência de qualquer forma de vida. Assim, a defesa do socialismo com liberdade e democracia (sic) deve ser encarada como uma perspectiva estratégica e de princípios. Não podemos prever as condições e circunstâncias que efetivarão uma ruptura sistêmica.”
(Programa oficial do PSOL, item 1: 'Socialismo com democracia, como princípio estratégico na superação da ordem capitalista' - http://psol50.org.br/site/paginas/2/programa)
* Ver também artigo de Alexandre Borges, A hora e a vez da ruptura sistêmica.

"Estamos lutando por algo que ainda não sabemos o que é, mas que pode ser o início de algo muito grande que pode acontecer mais para frente." (Integrante do movimento Black Bloc em entrevista à BBC Brasil - 2013.)

“Por enquanto, a única alternativa concreta é somente uma negação.”
(Herbert Marcuse)

Somos favoráveis ao terror organizado — isto deve ser admitido francamente.”
(V. I. Lenin)

*****

"Karl Marx já opinava que era inútil tentar descrever como seria o socialismo, já que este iria se definindo a si mesmo no curso da ação anticapitalista. (...) Nessas condições, é óbvio que duzentos milhões de cadáveres, a miséria e os sofrimentos sem fim criados pelos regimes revolucionários não constituem objeção válida. O revolucionário faz a sua parte: destrói. Substituir o destruído por algo de melhor não é incumbência dele, mas da própria realidade. Se a realidade não chega a cumpri-la, isso só prova que ela ainda é má e merece ser destruída um pouco mais."
(Olavo de Carvalho, 'A promessa autoadiável', Diário do Comércio, 30 de agosto de 2010 - http://www.olavodecarvalho.org/semana/100830dc.html)

II.

Da série "O óbvio dos óbvios":

1.

No dia em que brasileiro aprender a distinguir salário de professor e educação de qualidade, a educação já terá avançado muito.

2.

Quando um conservador fala da demonização que os esquerdistas fazem dele, ele se refere a ataques pessoais que ignoram o conteúdo de suas ideias. Quando um esquerdista fala da "demonização" que os conservadores fazem dele, ele se refere à demolição impiedosa de seus argumentos e ao desmascaramento intelectual de seus métodos, aos quais ele não pode responder senão comprovando o que o conservador disse.

3.

[Nos EUA cada vez mais Brasil:]

"Não existe uma mídia de notícias. Existe uma mídia, mas ela nada mais é do que um braço do Partido Democrata e da esquerda americana. Eles têm a oportunidade de operar sob o pretexto de ser uma mídia para que os eleitores de baixo nível de informação pensem que estão lendo e consumindo notícias."
(Rush Limbaugh)

III.

Só para não perder o hábito de zombar dos colunistas do Globo.

['Normas de redação' aqui: https://www.facebook.com/felipe.m.brasil/posts/10151977022841874]

noblat
IV.

Arnaldo Jabor, no Jornal da Globo: "Um dia vamos agradecer ao destino por Obama ter estado no poder."

Jabor está atrasado: a Al-Qaeda e a Fraternidade Muçulmana já estão agradecendo há muito tempo.

V.

Quando vejo um teaser de um programa sobre "a ascensão da direita radical na Europa e nos Estados Unidos[!!!]", concluo que a Globo News já pode se chamar Foro de São Paulo TV.

VI.

Para o jornalismo brasileiro, não existe mais direita no mundo: só direita radical, extrema-direita, direita fanática etc. Quem não fizer uma oraçãozinha para São Obama já é meio fundamentalista.

[PS: Dias depois que escrevi essas últimas notas, Arnaldo Jabor publicou um texto sobre os "fundamentalistas do Tea Party", "mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões mas não destroem a economia mundial por rancor, vingança e racismo, como os pequenos canalhas que humilhavam os negros na Flórida quando eu apareci por lá". Jabor também chamou os republicanos de "homens-bomba americanos". Demonização pouca é bobagem...]

VII.

Veja na imagem como um impostor intelectual de esquerda atua:

impostor

Desmascarado no meu artigo "Quem são os fanfarrões?", também publicado no Mídia Sem Máscara, Michel Arbache se faz de coitadinho e, a rigor, chama a si próprio de idiota, uma vez que foi ele quem mediu Olavo de Carvalho por supostamente não ser levado a sério por ninguém.

Eis aí, como queríamos demonstrar.

VIII. 

Um filme para ver e rever e dar pausa e colocar em câmera lenta e pegar a pipoca... Vale mais que todo o cinema brasileiro junto. E que todas as UPPs do Beltrame. E que todos os discursos do Marcelo Freixo. E que todos os textos do Sakamoto. E que todos os embargos infringentes do STF. O mínimo que você precisa saber sobre ser um PM de verdade num país de mentira: http://bit.ly/GN0e84.

[Atenção: o vídeo abaixo contém cenas fortes.]

IX.

Biografia autorizada é autobiografia terceirizada.

Se o movimento "Procure Saber" de-Caetano-Veloso-mas-não-da-sua-vida-sem-lhe-dar-um-dinheirinho quer proibir a publicação de biografias não autorizadas, exigindo ainda que o biografado seja remunerado nos casos em que as autoriza, sua pretensão é acabar com todo um gênero literário. Coisa de quem, como bem escreveu o editor da Record, Carlos Andreazza, odeia o que jamais poderá compreender.

X.

Título para biografia: "O mínimo que você precisa saber sobre Caetano Veloso, porque o máximo ele não autorizou".

[Ver também: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/censura-previa-e-demagogia-caetano-chico-sei-la-quem-nossos-herois-morreram-de-uma-overdose-de-realidade-e-ainda-ruffato-o-novo-candidato-a-heroi/ e http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed742_e_a_liberdade_que_esta_em_jogo]

XI.


Se alguém aí não entendeu quando eu disse que "biografia autorizada é autobiografia terceirizada", Ruy Castro agora traduz:

"As pessoas não sabem o que é uma biografia autorizada. Não quer dizer que a gente pede autorização para fazer. Eu tenho é que pegar o trabalho de cinco anos e mandar a biografia para o Chico ou o Caetano lerem e eles devolvem cortando o que eles não gostaram. Isso é censura prévia. Ou eu não falo português.(http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/11/perguntei-se-o-biografo-vai-pagar-um-dizimo-ao-biografado-diz-ruy-castro.htm)

XII.


Pronto. Só faltava o Chico Buarque. Agora O Globo está completo:http://oglobo.globo.com/cultura/penso-eu-10376274. Pena que estou indo dormir. Quando eu acordar, provavelmente Reinaldo Azevedo já terá cuidado dele. Mas deixo aqui uma tradução sintética do seu artigo, contrário às biografias não autorizadas.

É assim: "Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro [já publicado], diriam que minha honra tem um preço e que virei censor." Então prefiro ser chamado de censor censurando o autor previamente mesmo.

****

Espero que Chico escreva mais, em vez de só colocar seu nome em um monte de abaixo-assinados a favor das maiores canalhices da Terra. Quando escreve em buarquês o que pensa em caetanês (ou vice-versa), ele mostra quem é: apenas um esquerdista histérico que posa de coitadinho para reivindicar leis a seu favor.

PS: Quanto à resposta do Globo [http://oglobo.globo.com/opiniao/pingo-nos-iis-10375852], a gente sabe que briga de amor não dói.

XIII. 

As mentiras de Chico Buarque - repercutidas por Paula Lavigne como verdades no programa 'Saia Justa', do GNT - já foram expostas por Paulo César Araújo:http://oglobo.globo.com/videos/t/todos-os-videos/v/exclusivo-chico-falou-a-paulo-cesar-de-araujo/2893217/ [em vídeo], http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1357464-biografo-de-roberto-desmente-chico-buarque-que-diz-nao-ter-sido-entrevistado.shtml e http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/biografia-nao-e-fofoca-rebate-autor-de-livro-sobre-roberto-carlos; e por Luiz Schwarcz:http://www.blogdacompanhia.com.br/category/colunistas/; bem como analisadas por Márvio dos Anjos: http://globoesporte.globo.com/platb/marvio-dos-anjos/2013/10/16/na-pelada-uma-biografia-de-chico-buarque/; e comentadas por Reinaldo Azevedo:

"Chico Buarque, considerado um verdadeiro herói da luta contra a censura — um dos esportes dos militantes de esquerda d’antanho era caçar suas metáforas contra o regime… —, escreveu um texto no Globo explicando por que defende a censura prévia no caso das biografias. O artigo, autocomplacente, se chama 'Penso eu'. Não há pensamento nenhum lá. Há apenas o relato de uma experiência pessoal, que ele não considerou agradável. Pessoas envolvidas já o desmentiram. A vida é assim. O episódio teria acontecido durante o Regime Militar. Hoje, o Brasil é uma democracia, e existem meios de se coibirem crimes contra a honra ou corrigir inverdades sem apelar à censura, que era justamente um dos instrumentos que serviam à ditadura, contra a qual Chico produzia metáforas em penca. O artigo é de uma estupidez altiva, muito própria da personagem. Uma experiência pessoal malsucedida — se verdadeira… — é o bastante para justificar, então, uma medida de força, tomada pelo estado. (...)" http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/chico-buarque-faz-escola-maria-do-rosario-dos-direitos-humanos-quer-tirar-do-ar-um-blog-de-humor/

Mas voltemos à Paulinha...

XIV.

O caso Amarildo agora serve até para justificar a censura prévia de biografias. Eis o raciocínio de Paula Lavigne, no 'Saia [in]Justa':

1) A indenização por dano moral no Brasil é uma indecência.
2) O cálculo do valor é feito a partir do imposto de renda.
3) Amarildo é morto pela polícia e sua família tem direito a apenas um salário mínimo.
4) Você acha justo que venham cineastas de Hollywood fazer um filme sobre o caso Amarildo sem dar um centavo à família?
5) Conclusão: devemos impedir a publicação de biografias não autorizadas e exigir remuneração aos biografados e seus herdeiros.

O dever de casa de vocês é analisar essa argumentação, ok?

XV.

Ok. Eu analiso só um pouquinho, de forma benevolente: se a Justiça não funciona, ou Paula Lavigne a considera injusta, o jeito é estabelecer a censura prévia, que lhe parece perfeitamente justa.

É o velho modo esquerdista de pensar: para reparar o que se considera injusto, propõe-se a criação de mais injustiça.

Capitão Nascimento pergunta se, diante de tanta impunidade, não é melhor então legalizar logo a execução de bandidos algemados.

Eu pergunto o que os cineastas de Hollywood têm a ver com o "dano moral" brasileiro: vamos cobrar deles a indenização faltante?

XVI.

Num minuto, Paula Lavigne reage histericamente a Barbara Gancia, dizendo algo como "então vamos deixar morrer todos os pobres, todos os Amarildos". No outro, é um doce de pessoa, dizendo que o debate tem de acontecer "sem linchamento, sem bullying".

Paula Lavigne não quer censurar apenas as biografias. Quer também escolher o tom do debate. O dos adversários, é claro. Talvez devêssemos todos mandar para ela os nossos argumentos, para que ela escolha antes qual podemos usar.

Se a chamarmos de censora por censurar biografias... ela censura.

[Pós-escrito: Ver também "A larga estupidez de Paula Lavigne no 'Saia Justa'", de Reinaldo Azevedo.]

XVII. 

festival

Esta é a foto (da foto) que tirei com o diretor argentino Juan José Campanella há 4 anos, no Festival do Rio de 2009, quando ele veio lançar no Brasil sua obra-prima vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, "O segredo dos seus olhos", como se já não bastassem "O mesmo amor, a mesma chuva", "O filho da noiva" e "Clube da Lua", todos eles na minha lista de favoritos (muito antes de Campanella virar modinha, ok? Isso: palmas para mim.)

Quando assisto a uma entrevista como esta que ele deu agora ao programa Starte da Globo News, por ocasião do lançamento de sua primeira animação, "Um time show de bola", só não fico constrangido pelos cineastas brasileiros porque, em geral, eles estão abaixo das possibilidades de despertar vergonha alheia.

Eis aí um diretor que se contrapõe à perda de valores humanos fundamentais que invariavelmente acompanha o suposto progresso; cujos protagonistas buscam resgatar esses valores ou encontrá-los pela primeira vez, sem que o resultado sejam meras afetações de bom-mocismo; que, por experiência pessoal, reconhece - como Viktor Frankl ensinava - que não podemos escolher as coisas que nos acontecem, mas sim as reações que temos diante delas, de modo que coloca seus personagens frente a desafios que os farão crescer ou morrer, mas nunca se render a um vitimismo vexaminoso; que mostra também às crianças que não é preciso vencer ou ficar famoso a qualquer custo e que, às vezes, ganha-se o amor desejado, perdendo; que não é "um pesquisador que faz cinema no vazio", mas sim alguém que tenta se comunicar com o público, menos preocupado em inovar do que em fazer filmes como os dos anos 1970 com os recursos disponíveis hoje.

Tudo que o fetichismo brasileiro consagrou como foco é, para Campanella, apenas ferramenta, chamariz, elemento ou pano de fundo de uma história sempre comovente e muito engraçada sobre o drama humano contemporâneo universal. Diz ele:

"Acredito que os temas são universais e os sabores são locais. Acho que o tema de que fala 'O segredo dos seus olhos', por exemplo, é o da justiça e da covardia em geral no mundo. Mas a história se passa na Argentina, então fazemos com que o público conheça um sabor local - a cidade, a nossa linguagem etc. -, mas o que estamos contando é uma história universal. Então isso é importante porque assim se conhecem outras culturas. O cinema é uma grande fonte de identificação cultural."

Se o Brasil dos Diegues, Jabores, Waltinhos, Padilhas e Meirelles tivesse um diretor de cinema (unzinho só) com metade do desprendimento, da inteligência, do senso de humor, da sensibilidade e do domínio da linguagem cinematográfica do argentino Juan José Campanella, talvez ainda valesse a pena assistir a mais do que seus trailers.

* (Um dia escrevo mais a respeito.)

XVIII.

Espero vocês em São Paulo neste sábado:


video1

video2

Saiba tudo o que estão falando sobre o nosso best seller 'O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota': http://www.felipemourabrasil.com.br/p/o-minimo-que-voce-precisa-saber-para.html.


Mídia Sem Máscara - Jornalismo: um ofício perigoso na América Latina

Mídia Sem Máscara - Jornalismo: um ofício perigoso na América Latina

Os esforços de proteção não servirão de nada se não existe um dispositivo de luta contra a impunidade à altura da situação atual.
Ricardo Puentes Melo afirma que sua posição ideológica, as críticas ao presidente Santos e em particular a advertência de que as FARC atentariam contra o ex-presidente Álvaro Uribe, determinaram a retirada de sua proteção.

Investigar e informar não acarreta problemas a um jornalista em uma sociedade democrática, porém, quando ele precisa prealizar suas atividades sob um regime de forças ou em meio de grupos irregulares que dirimem suas diferenças por meio da violência extrema, o jornalismo torna-se um ofício particularmente perigoso. Sob essas circunstâncias, o exercício de informar está sujeito às limitações que impõem as diferentes fontes de poder que concorrem nessa sociedade, por isso quando os jornalistas transgridem os limites que os poderosos impõem, convertem-se para os depredadores no objetivo a destruir, sejam estes governos ou sicariatos.
Isto exemplifica as declarações do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP por sua sigla em espanhol), Jaime Mantilla, em Honduras, que manifestou que as ações do crime organizado, do narcotráfico, dos governos autoritários e da impunidade, são as maiores ameaças à liberdade de expressão na América Latina.
Mantilla acrescentou: “Agora mais do que nunca o narco-tráfico e o crime organizado atentam contra a liberdade de expressão, assassinando e ameaçando jornalistas”
Recentemente o diretor para as Américas de “Repórteres sem Fronteiras”, Benoit Hervieu, disse no Chile que a violência física contra os jornalistas e a elevada polarização política, são as principais ameaças para a liberdade de informação no hemisfério.
Segundo informes da Rede de Intercâmbio Internacional pela Liberdade de Expressão na América Latina e o Caribe, mais de 74 jornalistas foram assassinados no hemisfério entre 2010 e 2012; nesse período só em Honduras foram mortos 21 jornalistas, embora outras entidades afirmem que foram 35 as vítimas.
Repórteres sem Fronteiras destaca em um documento que no Brasil foram assassinados três jornalistas, na Guatemala outros dois, e no Haiti, México, Paraguai, Peru e Equador, foram registrados um assassinato por país só neste ano.
Situações extremas apresentaram-se no México. Desde o ano 2000 até o presente, foram assassinados 103 jornalistas. No Brasil, desde 1992 até os dias atuais, mataram, segundo o Comitê de Proteção aos Jornalistas, 27 comunicadores, onze dos quais foram mortos nos últimos três anos.
Na Colômbia, uma das mais sólidas democracias do continente mas agitada pelas narcoguerrilhas e outros grupos irregulares como os paramilitares, os jornalistas pagaram uma cota de sangue por defender seu direito de informar. Uma jornalista investigativa, Diana Calderón, reportou que entre 1993 e 2008, foram assassinados 1127 jornalistas, 57 dos quais estavam vinculados à prática profissional.
Outro informe do CPJ denunciou o assassinato de um vendedor de jornais de um diário colombiano e o crime de Edison Alberto Molina, um advogado e político que conduzia um programa no qual denunciava atos de corrupção governamental. Por sua parte, Repórteres sem Fronteiras solicitou ao governo colombiano proteção para Gonzalo Guillén, León Valencia e Ariel Ávila por planos de assassinatos contra eles, ao mesmo tempo em que demandava que se investigasse judicialmente a conspiração criminal da qual são vítimas os comunicadores.
Mais recentemente, o “Centro de Pensamento Primeiro Colômbia” avisou sobre o risco que poderia correr o diretor do portal Periodismo sin Fronteras, Ricardo Puentes Melo, após a decisão oficial de retirar-lhe o esquema de proteção designado pelo governo, uma vez que desde o ano de 2000 a Colômbia conta com um Programa de Proteção aos Jornalistas e Comunicadores Sociais.
De acordo como o Primeiro Colômbia, a organização que Pontes Melo dirige fez graves revelações da condução política do governo do presidente Juan Manuel Santos, e que por isso lhe retirou a proteção, situação que o diretor da Unidade Nacional de Proteção, Andrés Villamizar, nega, declarando que as medidas são retiradas quando os estudos de um comitê especializado assinalam que o risco desapareceu.
Entretanto, Puentes afirma que sua posição ideológica, as críticas ao presidente Santos e em particular a advertência de que as FARC atentariam contra o ex-presidente Álvaro Uribe, determinaram a retirada de sua proteção.
Jaime Mantilla, em sua condição de presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa afirma que os Estados Unidos são os responsáveis por garantir a segurança e a liberdade de expressão, porém que muitos governos cumprem com suas atribuições constitucionais, enquanto Repórteres sem Fronteiras afirma que 
“os esforços de proteção não servirão de nada se não existe um dispositivo de luta contra a impunidade à altura da situação atual”, e lembra que “nos últimos tempos multiplicaram-se as ameaças, os ataques e os atentados contra os jornalistas, e também contra defensores dos direitos humanos, representantes sindicais e ativistas das comunidades”.
O que foi dito acima leva a uma conclusão: nossas liberdades e direitos estão em perigo até nas democracias. O que vamos fazer? 

Tradução: Graça Salgueiro